A liberdade que nos prende.

O tema do texto de hoje é a liberdade. Mais do que isso. Na verdade, o tema é o sofrimento que, muitas vezes, vem atrelado à liberdade. Por que isso pode acontecer? Bem, são vários os motivos que levam a esse fenômeno. Mas antes de adentrar no assunto, vamos falar um pouco sobre a concepção de liberdade.

A liberdade não tem um conceito definido, pois ela varia conforme o ponto de vista de cada sociedade, período histórico e de cada pessoa, a partir de suas vivências. E, para muitas pessoas, a liberdade é questionável, pois estamos sempre “presos” a regras, leis, convenções...

Jean Paul Sartre (1905-1980), filósofo representante do Existencialismo (conjunto de doutrinas filosóficas que tiveram como tema central a análise do homem em sua relação com o mundo) Vai dizer que “o homem está condenado a ser livre”. Pois para ele o homem é responsável pela sua existência. E deve, para sempre, se equilibrar entre suas escolhas e suas possibilidades de realizações. E é nesse ponto que começamos a pensar mais a fundo sobre o tema de hoje.

Vivemos em uma sociedade com cada vez mais possibilidades de escolhas. Porém, nem sempre estamos maduros o suficiente para vivenciá-las sem que elas nos causem algum tipo de sofrimento ou que nos adoeça. Ser livre é saber escolher. E se você tem que escolher, terá que abrir mão de algo. Nesse momento, surge o conflito. Para certas pessoas, o conflito pode trazer questionamentos, mas será um processo de adaptação à nova realidade que, ao final, lhe trará o tal prazer em ser livre. No entanto, para outras pessoas isso não acontecerá de forma tão simples.

Vou lançar mão de uma “pitada” da Psicanálise, abordagem teórica da qual sou fã, para tentar explicar o que acontece nesse caminho que leva alguém ao sofrimento psíquico, a partir da liberdade de escolha e a frustração em ter que escolher e ter que perder alguma coisa.

Sigmund Freud, fundador da Psicanálise diz, em um dos seus estudos, que as Neuroses (termo que refere-se a qualquer desequilíbrio mental que causa angústia e ansiedade) derivam do conflito entre o ego e a libido (O ego é a parte consciente da mente, sendo responsável por funções como percepção, memória, sentimentos e pensamentos. É regido pelo “princípio da realidade”, sendo o principal influente na interação entre sujeito e ambiente externo. É um componente moral, que leva em consideração as normas éticas existentes. E a Libido é o substantivo feminino com origem no latim libido e que é usado para descrever o desejo.) Freud vai dizer também que, para manter-se sadio na missão de viver a liberdade, você precisa transformar a sua vontade em energia ativa, a fim de satisfazer seu desejo. Ou, você deverá substituí-lo para outros objetivos, fugindo da frustração e assim do sofrimento da escolha.

É importante deixar claro que, para a Psicanálise, esse enredo se forma de maneira inconsciente. E que o sofrimento psíquico, frente à liberdade, pode acontecer por incapacidade de adaptação à nova realidade, devido a vários fatores, que serão sempre individuais porque dependerão da constituição psíquica de cada pessoa, através de sua existência.

Então, como você tem vivido a sua liberdade? Ela tem levado você à mudança, transformação, felicidade? Ou ela te prende, causando sofrimento e paralisia diante do novo?

Caso você seja daquelas pessoas que sente muito medo da mudança, por insegurança em escolher, por ter pavor que algo dê errado. Ou está sempre abrindo mão de viver uma nova experiência com a preocupação do que as outras pessoas vão pensar, ainda mais se a sua escolha pode vir a desconstruir toda a imagem que tinham a seu respeito, saiba que um Psicólogo pode ajudá-lo a passar por esse processo da melhor maneira possível. Um psicólogo está preparado para auxiliá-lo a se conhecer melhor, se entendendo e se respeitando. De forma que, você viva a sua liberdade de forma plena, seja escolhendo mudar para o outro lado do mundo ou escolhendo continuar, exatamente, no mesmo lugar, sem sentir-se um criminoso por causa disso.

Até a próxima!